Luxação de Ombro

Luxação de Ombro (deslocamento) ocorre quando a cabeça do úmero perde totalmente o contato com o osso da glenoide (que faz parte da escápula).

A luxação de ombro é uma emergência médica?
Sim. Toda luxação é uma emergência ortopédica devido ao risco de danos à cartilagem articular.


Como pode acontecer uma luxação de ombro?

  • Após forte trauma ou entorse, como cair apoiando a mão no chão com braço em abdução, cotovelo esticado e o corpo projetando-se na direção oposta ao braço;
  • Durante uma forte descarga elétrica;
  • Durante uma crise convulsiva;
  • Pessoas que possuem hiperfrouxidão (hiperlassidão) ligamentar, facilitando uma primeira luxação em movimentos mais sutis, não necessariamente com trauma envolvido.


Qual faixa etária tem mais risco?

É mais comum em jovens entre 15 e 25 anos de idade.


É comum a ocorrência de luxação glenoumeral na prática esportiva?

Sim, muito. Entre os esportes, seguem alguns exemplos de como pode ocorrer uma luxação de ombro:

  • Após queda de skate;
  • Após uma imobilização/chave/queda em jiu-jitsu/judô;
  • Após um soco que não finalizou em impacto (no "vácuo") no boxe/muay thai;
  • Durante o surfe (alguma manobra com força contra corrente, queda da prancha);
  • Em praticantes de esportes de contato, como futebol, rugby e futebol americano (contato direto ou quedas apoiando mão no chão conforme descrito anteriormente);
  • Na natação é mais raro (pode ocorrer durante o salto com braço hiperabduzido);
  • Na musculação e crossfit, a articulação do ombro pode luxar em exercícios com carga e potência extremas no supino e levantamento de peso em pé (snatch), ao rodar lateralmente o braço, com a barra atrás da cabeça.


Quais lesões podem acontecer após uma luxação glenoumeral?

A cabeça do úmero pode luxar (ou deslocar) para anteroinferior, inferior ou posteroinferior. Em pessoas sem hiperlassidão ligamentar, após a primeira luxação traumática anteroinferior do ombro, a cabeça do úmero se desloca para frente e "encaixa" na borda anterior da glenoide, ocorrendo ruptura (desinserção) do lábio (labrum) da glenoide, chamada lesão de Bankart. Além disso, a borda da glenoide pode provocar um afundamento na região posterosuperior da cabeça umeral, chamado lesão de Hill-Sachs. Pode haver ainda fratura da borda anterior da glenoide (lesão de Bankart ósseo) e lesão da parte superior do labrum (SLAP). Se a luxação for posterior, pode ocorrer ruptura do lábio posterior e afundamento da parte anteromedial da cabeça umeral (lesão de McLaughlin ou Hill-Sachs reverso). Já em pessoas com mais de 45 anos de idade, a primeira luxação traumática de ombro pode provocar ruptura do manguito rotador.


O que fazer em caso de luxação do Ombro

Se há suspeita de que o ombro esteja deslocado (dor extrema, dificuldade em movimentá-lo e deformidade visual aparente) você deve manter a calma, tentar relaxar o braço lesionado e segurá-lo com a outra mão. Em seguida peça para alguém levá-lo com urgência para um local com pronto atendimento em Ortopedia e Traumatologia. Lá serão feitas radiografias para confirmar a lesão e afastar possíveis fraturas. Em seguida o médico traumatologista fará a manobra adequada e mais segura para colocar o ombro no lugar novamente (processo chamado de "redução"). O tratamento inicial requer imobilização com tipoia e uso de analgésicos e anti-inflamatório. Num segundo momento recomenda-se agendar consulta com especialista em ombro.

Se você estiver em local sem acesso a um atendimento médico, ou que levará muito tempo até chegar a ele, procure encostar seu outro ombro em uma parede ou pilar, inclinando o corpo para frente (ou deitar de bruços em uma mesa). Deixe o braço luxado pra baixo em relaxamento total, e espere até que o ombro volte para o lugar sozinho. Não deixe que alguém sem preparo/experiência tente fazer alguma manobra para tentar colocar o ombro no lugar, pois uma manobra de alavanca pode provocar fraturas.

Luxação recidivante ocorre quando o paciente luxa (desloca) o ombro mais de uma vez, ou seja, o paciente possui instabilidade glenoumeral. Deve-se diferenciar instabilidade de hiperlassidão ligamentar. Pacientes com hiperlassidão apresentam diversas articulações mais frouxas, com amplitude de movimento além do normal, sem que isso provoque dor ou algum problema. Instabilidade é o excesso patológico de mobilidade, em que o ombro pode luxar ou subluxar gerando dor e limitação funcional importantes.

Diagnóstico Na consulta com ortopedista especialista de ombro, pesquisa-se como foi a primeira luxação, a direção da luxação, a facilidade com que desloca, se o paciente consegue reduzir sozinho, se desloca voluntariamente, a quantidade de episódios e a presença de outras patologias associadas. No exame físico, serão realizados inspeção do ombro e cintura escapular e os testes específicos para instabilidade. Após, serão solicitados os exames complementares de imagem.

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Augusto Medaglia Médico Ortopedista Especialista em ombro