O ombro possui três articulações (glenoumeral, acromioclavicular e esternoclavicular), uma superfície de deslizamento (escapulotorácica), três ossos (clavícula, escápula e úmero), bursas, músculos e tendões (manguito rotador, deltoide e cabo longo do bíceps, além da musculatura acessória da escápula e do braço).
Pelo fato de permitir grande amplitude de movimento para executar uma infinidade de funções com as mãos, as estruturas do ombro podem sofrer sobrecarga mecânica devido a movimentos de repetição com ou sem carga. Assim, se esses movimentos forem executados erroneamente, podem provocar lesões.
Estou com dor no ombro, o que fazer?
Quem pode sofrer dor no ombro?
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico dessas patologias é feito em consulta com médico ortopedista, através de anamnese (pesquisando histórico e característica dos sintomas), exame físico (com testes específicos) e exames de imagem.
Quais são as principais patologias que causam dor no ombro?
Tendinite do manguito rotador
A tendinite do manguito rotador é a inflamação de seus tendões. É a doença mais conhecida do manguito rotador e é causada por movimentos repetitivos com ou sem peso, geralmente com o braço afastado do corpo. O tendão mais acometido é o supraespinal, antigamente chamado de supraespinhoso.
Na maioria das vezes, a tendinite tem cura e pode melhorar em algumas semanas. No entanto, ela também pode cronificar (tendinose). Na fase inicial, o tratamento inclui o uso de anti-inflamatório, gelo, repouso e evitar as atividades que provocam dor.
Tendinose / tendinopatia do manguito rotador
É a tendinite em seu estado crônico, não tratada. Nessa fase, a recuperação é mais demorada e os anti-inflamatórios já não têm efeito curativo, apenas amenizam a dor. Em pacientes com mais de 45 anos, a tendinose recorrente, se não tratada, pode evoluir para uma ruptura do tendão (na maioria das vezes com um quadro clínico demorado de componente degenerativo, mas em alguns casos pode ser precipitado por trauma ou movimento brusco). Um fator que pode agravar o quadro de tendinopatia (ou mesmo impedir a melhora completa) é a síndrome do impacto subacromial, quando se formam esporões no acrômio que provocam atrito no tendão supraespinal ao erguer o braço.
O tratamento da tendinose envolve a utilização de gelo, analgésicos, cuidados com os fatores agravantes e a realização de fisioterapia.
Bursite
É a inflamação da bursa (ou bolsa) subacromial/subdeltoidea, tecido que fica entre os tendões do manguito e o acrômio/deltoide. Também é causada por movimentos repetitivos com braço afastado do corpo ou por atrito com o acrômio (síndrome do impacto). Pode surgir após tendinites ou rupturas do manguito. Importante, antes de tratar, é identificar sua causa. A síndrome do impacto subacromial também pode ser fator causador de bursite no ombro.
O tratamento envolve a utilização de gelo, analgésicos, anti-inflamatório, infiltração com corticoide, cuidados com os fatores agravantes e a realização de fisioterapia.
Dor acromioclavicular
Esta articulação serve como a conexão entre o membro superior e o tórax. Por ser uma articulação relativamente exposta, sem muita cobertura de gordura e músculos, fica sujeita a traumas locais. Por isso, sua lesão é comum em lutadores de chão, após quedas ou rolamentos. Em virtude de possuir pouco movimento articular, acaba sendo sobrecarregada com a execução de movimentos com o braço elevado acima do ombro ou em praticantes de musculação (exercício de supino e meio-desenvolvimento, por exemplo), de crossfit (snatch, por exemplo) e natação. Em estágios avançados, pode apresentar edema ósseo da clavícula distal (fratura por stress ou osteólise), artrite (inflamação articular) e até artrose (desgaste da cartilagem articular). O tratamento conservador consiste em analgésicos, anti-inflamatório, gelo local, infiltração de corticoide intra-articular e evitar movimentos que provocam dor. O tratamento cirúrgico fica reservado apenas aos casos que não melhoraram com o tratamento conservador, com artrose e esporões ósseos importantes. Realiza-se a retirada dos esporões e da parte distal da clavícula, por videoartroscopia.
Tendinite calcárea
É o depósito de calcificação no tendão do manguito rotador. O quadro clínico varia desde dor leve recorrente (ou até inexistência de dor) até a dor intensa espontânea, sem nenhum fator desencadeante. Estes casos agudos acontecem porque a calcificação está se desfazendo e produzindo uma intensa bursite calcífica. Na maioria dos casos, com o tempo, o próprio organismo se encarrega de eliminar o problema, mas esse processo pode levar anos. O diagnóstico é feito com rx simples e muitos pacientes só descobrem que têm essa doença no momento deste exame. Para os casos agudos de dor intensa, o tratamento inclui o uso de analgésicos fortes, anti-inflamatório, gelo e repouso. Para casos crônicos, o tratamento conservador é o mesmo da tendinose comum, com a opção de terapia por ondas de choque. A cirurgia por videoartroscopia (para retirada das calcificações) fica restrita aos casos crônicos refratários ao tratamento conservador.
Capsulite adesiva (ombro "congelado")
A cápsula articular do ombro (articulação glenoumeral) é a mais elástica do corpo humano, permitindo uma ampla gama de movimentos. Nesta doença, inicialmente ocorre um processo inflamatório capsular (fase "inflamatória"), e o paciente se apresenta com dor insidiosa no ombro, geralmente provocada após a realização de movimentos bruscos inesperados. Pode ser confundida com quadros de tendinite ou bursite, porém sem resposta ao tratamento. Com o passar de semanas, a dor vai reduzindo e o paciente vai perdendo gradativamente a elasticidade da cápsula articular até ficar com bastante rigidez. A fase inicial (inflamatória) pode durar mais de 6 meses. O diagnóstico clínico só é realizado quando surgem os sinais de perda de movimento passivo, já na fase de "congelamento", que costuma durar mais de um ano. Esta doença é autolimitada, ou seja, possui início, meio e fim. Na fase final, ou "descongelamento", o paciente vai readquirindo seus movimentos aos poucos. O tratamento conservador costuma durar entre 1 e 2 anos.
Artrose glenoumeral
Causa rara de dor no ombro. Ocorre uma degeneração progressiva da cartilagem articular da glenoide e da cabeça umeral. Geralmente acomete pacientes idosos com osteoartrite primária (artrose) ou pacientes com sequelas pós-traumáticas. Provoca dor aos movimentos (geralmente no final do movimento), sem perda de força. A perda de amplitude de movimento ocorre gradativamente conforme a progressão do desgaste. Opta-se por tratamento medicamentoso e fisioterapia suave nas fases iniciais. A artroplastia (colocação de prótese) fica reservada a casos sem melhora com tratamento conservador e com dor limitante.
Como prevenir a ocorrência de dor no ombro?