Lesões do ombro no atleta

O ombro é uma articulação que sofre lesões frequentemente durante a prática de esportes, sobretudo naqueles que envolvem arremesso e contato. A incidência dessas lesões no ombro varia de 8 a 13% entre todas lesões dos atletas.

Entre atletas profissionais, estatísticas apontam que 66% dos nadadores sofrerão alguma lesão no ombro ao longo da carreira. Este percentual fica em torno de 40% para jogadores de vôlei; 50% entre arremessadores do atletismo; 57% entre jogadores de beisebol; 36% entre praticantes de crossfit ; 7% entre golfistas e 50% entre os tenistas.

A causa das lesões nos profissionais está no excesso de treinos e na exigência de resultados. Já entre atletas amadores, não há estatísticas confiáveis, mas podemos acrescentar, entre as causas, a execução equivocada dos movimentos esportivos.

Quais as lesões mais comuns?
Entre os esportes com arremesso (incluindo vôlei, tênis, handebol, natação e esportes de arremesso no atletismo) são comuns as lesões atraumáticas, como síndrome do impacto subacromial, síndrome do impacto interno, tendinopatia do manguito rotador, ruptura do manguito rotador, lesão do lábio superior por tração (SLAP), artrite acromioclavicular e compressão do nervo supraescapular. Alguns atletas arremessadores apresentam dor relacionada à microinstabilidade glenoumeral atraumática.

O handebol e o basquete podem ser incluídos no grupo de esportes de contato, assim como judô, boxe, jiu-jitsu, rugby e futebol (principalmente o goleiro), em que são mais comuns lesões de origem traumática, como luxação acromioclavicular e luxação recidivante do ombro (glenoumeral).

Entre os praticantes de musculação, halterofilismo e crossfit, podem ocorrer lesão na articulação acromioclavicular (artrite e até mesmo fratura por stress da clavícula distal) e tendinopatia do manguito rotador.

A articulação acromioclavicular e o manguito rotador são sobrecarregados na execução de supino (sobretudo o inclinado), nos exercícios com levantamento de peso acima da linha da cabeça e na puxada dorsal atrás da cabeça, com o ombro em rotação externa. Além disso, também podem ocorrer ruptura de tendões (peitoral, bíceps e manguito rotador) e luxação glenoumeral traumática nos exercícios de supino e levantamento de peso.

 

Quais os tratamentos?

- Lesões traumáticas relacionadas ao arremesso:

A maioria dessas lesões pode ser prevenida com alongamentos, fortalecimento do tronco e demais grupos musculares auxiliares (não apenas do ombro) e com a correta execução dos movimentos. O tratamento conservador, com repouso, anti-inflamatórios (nos primeiros dias) e fisioterapia é suficiente para a maioria dos casos, com retorno gradual à prática esportiva.

Atletas com dor no ombro com lesões atraumáticas que não melhoram com tratamento conservador podem ser candidatos à artroscopia do ombro. Com a artroscopia do ombro, é possível reparar tendões rompidos (saiba mais em link manguito), retirar esporões ósseos do acrômio, retirar a parte distal da clavícula, fixar lesões labiais tipo SLAP, descomprimir o nervo supraescapular (típica de ocorrer no vôlei) e resolver as lesões relacionadas à microinstabilidade (geralmente fixação do lábio e retensionamento capsular resolvem o problema).

 

- Lesões traumáticas dos esportes de contato:

O tratamento conservador é a primeira opção para casos de luxação acromioclavicular de baixo grau. Para alguns casos a cirurgia deve ser indicada, após avaliação individualizada (saiba mais em link luxação acromioclavicular).

Atletas de contato com luxação recidivante de ombro (glenoumeral) e ruptura labial (ou labral) podem ser operados por artroscopia após o primeiro episódio de luxação, em virtude das complicações de uma nova luxação (dor, novo afastamento e agravamento das lesões). Existe a opção de tratamento conservador, mas vale lembrar que a correção cirúrgica é mais simples e anatômica quando realizada após poucos episódios do que em estágios mais avançados, quando há a necessidade de enxertos ósseos e cirurgia aberta não-anatômica. Saiba mais em link.

 

- Lesões da musculação, halterofilismo e crossfit:

A maioria das lesões acromioclaviculares pode ser prevenida com a correta execução do movimento e o aumento lento e gradual da carga. O tratamento conservador, com repouso, gelo e anti-inflamatórios (nos primeiros dias) é suficiente para a maioria dos casos, com retorno gradual à prática esportiva somente após a ausência de dor. Rupturas dos tendões podem necessitar de tratamento cirúrgico (saiba mais em link manguito), assim como luxação recidivante de ombro (saiba mais em link).

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Augusto Medaglia Médico Ortopedista Especialista em ombro